“Para mim, se não existem 100% dos alunos com o devido acesso, não poderia ter aula remota. Se a PROEN realizar o ensino não presencial de forma excludente, serei contra. Mas se ela for capaz de disponibilizar ferramentas para todos os alunos, minha única preocupação passa a ser com as aulas laboratoriais.”
Recentemente chegou nas mãos dos alunos (pelo menos os que tem celulares) uma Nota da PROEN (Pró Reitoria de Ensino) informando que ocorrerá um mapeamento sobre quantidade de alunos que tem recursos disponíveis para participar de um ensino não presencial, ou remoto. Porém o maior sentimento que ficamos foi de dúvida, como será feito? E as aulas de laboratório? Esperamos acabar com elas aqui, com a ajuda de nosso Diretor Geral, Jefferson Amorim.
Jornal Méson: O ensino não presencial já está confirmado que vai acontecer?
Diretor Jefferson: Por enquanto isso está sendo avaliado pela PROEN, por isso está ocorrendo essa pesquisa dos alunos que tem, ou não tem, a disponibilidade de assistir as aulas online. Mas não existe nenhuma nota oficial ainda.
Jornal Méson: Como será realizado o mapeamento da quantidade de alunos capaz de participar das aulas online?
Diretor Jefferson: Foi um posicionamento adotado pela PROEN para diminuir o impacto da pandemia no calendário escolar. Porém eu, Jefferson, tenho a consciência que muitos alunos não terão a condição de assistir as aulas, e alguns até terão vergonha de dizer isso. O mapeamento deve prosseguir com a Secretaria entrando em contato com os alunos, mas acho que terão sim, excluídos. Por isso não pode ser feito de uma hora para outra, é preciso de preparo para os professores e ferramentas para os alunos.
Jornal Méson: Qual plataforma seria utilizada? E os professores já estão adequados a ela?
Diretor Jefferson: O que eu sei é que a maioria dos professores não são qualificados para esse tipo de ensino, será preciso de um curso para os professores terem condição de continuar dando aula com excelência. E quando a plataforma, isso ainda é uma dúvida para mim. Se usará o Sigaa? Google Classroom? Ainda não tenho essa informação.
Jornal Méson: O salário dos monitores e o PAE continua sem problemas?
Diretor Jefferson: O PAE está sendo mantido pelo Auxílio Emergencial, que foi implementado pelo Reitor Almada. E para os meninos da monitoria, vejo que eles se esforçam muito e, por isso, estamos lutando para manter o salário deles.
Jornal Méson: É mais provável o retorno das aulas presenciais acontecer com uma vacina pronta ou quando haver um controle dos casos de Covid-19? E como será esse retorno?
Diretor Jefferson: Não dá para voltar agora, mesmo usando máscara, o alunos vai ter contato com quantos pessoas no caminho? Minha opinião é que assim que acontecer o controle, as aulas presenciais retornarão. Além do uso da máscara, não só na escola, higienização com sabão e álcool em gel, que será oferecida pela escola, e também a ideia de medir a temperatura de quem entrar na escola, quem tem o principal papel, são vocês, alunos.
Existe muita irresponsabilidade da população, com seus ídolos e líderes ignorando o isolamento, como exemplo o Jogo do Flamengo e... não vou nem entrar em âmbito político. Na escola tem que ser diferente, vocês precisam ser fiscais um do outro, sei que gostam de abraçar, beijar e dar carinho, mas precisarão dar um tempo para o próprio bem de vocês.
Jornal Méson: Cremos que chegou em seu conhecimento as denúncias feitas por diversas alunas de atitudes bem questionáveis cometidas pelos professores do nosso Campus de Maracanã. Como a escola prosseguirá com isso?
Diretor Jefferson: Serão responsabilizados da maneira que devem ser, mas somente com provas dos ocorridos.
Comentários destacáveis que surgiram ao longo da conversa
“Se não tem 100% dos alunos com o acesso, não pode ter aula. Preciso garantir que você tenha acesso a isso, como seus outros colegas terão, para ser justo com você.”
“E como é que ficam as aulas práticas nessa história? Aula de laboratório tem que ser presencial. Como alguém do 1° período vai aprender a usar um bico de Bunsen sem ter a experiência?”
“‘Ah, mas pô Jefferson, 21 vão perder aula por causa de um cara?’. Pô, eu não sei a realidade desse camarada, ele pode morar em uma favela e que com certeza se esforça muito para estar naquela escola, e vai perder aula porque ele não tem condição de assistir como os outros tem”
“Além do financeiro, e os alunos que necessitam de um tratamento especial, como ficam?”
“Não é só dinheiro, e o psicológico? Nós temos sentimentos, somos seres humanos cara! Vemos amigos perdendo entes queridos e não podemos dar um abraço de consolo neles.”
Entrevistadores: João Pedro Duarte e Tiago Aldrovando
Escrito por: Tiago Aldrovando
Imagem: Brasil de Fato
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