top of page
Foto do escritorMéson

E a história se repete...

Mais uma vez… mais um congresso, só que ao invés do CONUBES, agora é o CONAMES.


Se lembra do CONUBES?


Teve uma eleição no nosso campus, período passado (22.1), para escolher os alunos representantes do IFRJ/Rio de Janeiro que iriam participar do 44° Congresso da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (CONUBES) como delegados, no qual votariam na formação de uma nova direção da UBES. Não é preciso muito esforço para lembrar do caos que foi dentro do instituto, com direito a duas urnas, debates calorosos e uma comissão organizadora da eleição composta por um grêmio que era candidato da sua própria eleição.


No dia 19/12/2022 mais um congresso ocorreu, dessa vez o 27° Congresso da Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas (CONAMES), no qual uma nova direção seria escolhida. A primeira diferença entre os dois congressos é que um escolhe a representação do Brasil todo (CONUBES) e o outro escolhe para o município do Rio de Janeiro (CONAMES) e, desta forma, um aconteceu em Brasília e o outro no aqui no Rio (CEFET-RJ), respectivamente. Porém, outra grande dessemelhança entre os dois é que não ocorreu nenhum caos no IFRJ, e o motivo disso é bem simples: dessa vez não houve eleição alguma para os representantes do IF no congresso, dessa vez não houve nenhuma urna para ser roubada ou algum debate para se tornar caloroso, e é aqui que se inicia a:

NOTA DE REPÚDIO DO JORNAL ESTUDANTIL MÉSON

Democracia não é apenas um regime político onde a soberania é exercida pelo povo limitado a uma forma de Estado ou de Constituição, democracia também é a garantia de ordem constitucional, administrativa e principalmente eleitoral. Como princípios fundamentais, a democracia tange: liberdade de opinião e de expressão da vontade política; multiplicidade ideológica; liberdade de imprensa; acesso à informação e o direito de voto.


Em 510 a.C., surge na Grécia Antiga como demokratia, formada do radical demo (“povo”) e kratia (“poder” ou “forma de governo”), baseando-se em dois princípios:


Isonomia (isos, “iguais”; nomos “normas” ou “leis”) – Todos os cidadãos são iguais perante as leis de devem cumprir as mesmas regras.


Isegoria (isos, “iguais”; agoreúein, derivado de “ágora”/“assembleia”) – Todos têm o direito à voz e ao voto. De falar e serem ouvidos para as tomadas de decisão.


É lamentável que os princípios que movem a sociedade em que vivemos, estejam sendo descartados pelas mesmas movimentações estudantis que clamam pela democracia.

Acontecimentos pré-CONAMES


Há algum tempo o Grêmio Estudantil Elisabetta Bonante foi chamado para participar do congresso pelo afastado presidente do Grêmio Estudantil do CEFET-RJ, Lucas Gregório, quando ainda estava a cargo da gestão do CEFET, como foi dito pela presidente do grêmio, Sofia Marques, em uma conversa com o Jornal Méson. Levando em consideração que a carta de denúncia dos membros do Grêmio Estudantil CEFET-RJ foi encaminhada dia 29/11/22, solicitando o impedimento do Presidente do Grêmio, entende-se que o Grêmio do IFRJ têm conhecimento do CONAMES há, pelo menos, algumas semanas antes do evento no dia 19/12/22, o que torna questionador o motivo de não terem divulgado sobre o congresso com uma antecedência maior aos alunos do Campus.


Na verdade, é questionável se o Grêmio realmente fez uma divulgação, tendo em vista que não houve nenhum post em redes sociais do Grêmio comunicando sobre o AMES - Rio, a única forma de anunciar o congresso foi noticiando turmas de sala em sala. O Jornal Méson entrevistou 10 alunos de diferentes turmas e apenas 4 alunos relataram que o Grêmio passou em sua sala em qualquer dia da semana, gerando a fração de que 6/10 das turmas não foram noticiadas sobre o congresso da AMES - Rio. Um dos alunos entrevistados relata que:


“Nem consegui entender o que iria ter no CEFET, eles mostraram o cardápio do almoço, mas fiquei tipo: tá, mas o que que eu vou ir fazer no CEFET?”

Outro ponto curioso que antecede o CONAMES é a repentina mudança, que aconteceu em uma edição de um post no instagram da @ames.rj, de como seria a escolha dos delegados que representariam os alunos do IFRJ. Até um dia antes do congresso era acordado que os delegados seriam decididos na hora, porém na noite anterior do evento foi solicitada a inscrição de delegados para o Grêmio, que era o responsável por enviar a listagem dos delegados e apenas os alunos nessa listagem seriam aptos a retirar o crachá de votante.


Nessa mesma noite, às vésperas do congresso, sem nenhum tipo de votação interna com os alunos do IFRJ, o Grêmio enviou apenas membros do próprio órgão estudantil e outras 2 alunas, alegando que só tinham consciência de que estas confirmaram presença, no entanto a representante do Movimento Edson Luís entrou em contato com a presidente do Grêmio para questionar se tinham conhecimento sobre o congresso e, também, convidá-los a ir junto à oposição.


“Aí a resposta dela no dia seguinte: ‘não vamos ao congresso com vocês não’ ”

- Representante do Movimento Edson Luís


O diálogo entre as duas mostra que o Grêmio, na realidade, tinha a ciência de que um dos movimentos do campus estaria presente no congresso, e não só “2 alunas”


“Mas um dia antes e a noite vieram (a comissão organizadora) solicitar a inscrição dos delegados, e não tínhamos indicação nenhuma além de quem tinha confirmado que ia, que foram 2 alunas e o pessoal do grêmio.”
“Isso de fato não concordo, era melhor que fosse na hora ou que tivesse sido avisado antes para rolar uma votação(...)”

- Presidente do Grêmio Elizabetta Bonante


A mudança repentina de escolha dos delgados deixou o Grêmio com pouco tempo para enviar a lista, porém é repudiante que em uma escola como o IFRJ, com tantos coletivos politizados, como os Coletivos: Antirracista, LGBTQIA+ Círculo Cromático, de Mulheres Bertha Lutz e o Mov. Edson Luís, não tenha ocorrido ao menos um aviso nos grupos de Whatsapp, ou uma comunicação direta com os coletivos sobre a alteração.


Esses alunos do campus também se inscreveram como delegados, mas – com nomes fora da listagem do Grêmio – não retiraram seus crachás, logo não tiveram seu direito de voto garantido. A presidente do órgão estudantil, quando questionada sobre a decisão dos delegados, diz que não tiveram envolvimento com a escolha da forma que aconteceria a seleção dos delegados em cada escola, o que mostra uma incongruência, ou na fala da presidente, ou no próprio regimento do CONAMES, quando se tem em vista que o Grêmio na verdade compõe ativamente a Comissão Organizadora do congresso.


Art. 5º - DA COMISSÃO ORGANIZADORA § 1 - Será composta pelos grêmios estudantis das escolas: Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca - Unidade Maracanã ; Instituto Federal do Rio de Janeiro - Unidade Maracanã/ Escola Técnica Estadual Santa Cruz - ETESC e por um diretor da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas.”

- Regimento do Congresso Municipal dos Estudantes


Desrespeitando os princípios fundamentais da democracia, os estudantes dentro do campus não tiveram direito de voto na escolha de seus representantes para o congresso. A multiplicidade ideológica não foi averiguada no momento em que os alunos que tinham uma ideologia política diferente não foram incluídos na listagem do Grêmio como delegados, apesar de terem se inscrito como delegados pelo formulário da Comissão, que se tornou obsoleto na noite da véspera, quando a Comissão (composta pelo Grêmio) modifica o post no instagram, alterando a forma de inscrição dos delegados. A transparência é ferida quando a diretoria de comunicação do Grêmio não garante o acesso à informação aos alunos, realizando uma divulgação quase nula do evento.


Acontecimentos no CONAMES


O dia do CONAMES foi realmente tumultuado, ocorreu no CEFET – enquanto algumas turmas estavam em prova –, se deu início às 09:00 horas e terminou ao fim da tarde. A votação da nova diretoria iniciou imediatamente após o almoço, porém houve uma ordem para o almoço.


“Eles disseram que quem não estava inscrito não ia almoçar e etc. No fim, o almoço foi liberado, logo após a UJS terminar de almoçar.”
“Eu subi pra plenária enquanto o pessoal almoçava e os poucos militantes que terminaram ou que não almoçaram subiram também. Daí a bancada da UJS toda sobe para a plenária, e começa a distribuição de crachás, sem a presença da oposição”

- Aluno do IFRJ, compõe a oposição


Sem compreender a amplitude dos secundaristas presentes no congresso, a votação da nova diretoria é iniciada mesmo com grande parte dos alunos ainda almoçando. O sentimento de indignação culmina em um episódio no qual os poucos militantes da oposição presentes tomam o microfone das mãos do mediador e o caos é instaurado.


A UJS decide recolher as bandeiras e ir embora, enquanto a oposição permanece na plenária e decide fazer a votação da AMES-Rio entre eles, sem a presença da UJS. Dessa forma, duas AMES-Rio foram criadas, cada uma invalidando a outra, uma com o perfil @ames.rj e outra @amesrio.oficial, mas sem dúvida ambas as AMES estão longe de compreender a associação unificadora que foi a verdadeira AMES.


Criada para unificar a voz dos estudantes do município do Rio de Janeiro, representava a luta dos estudantes cariocas visando uma melhoria na educação, na infraestrutura das escolas e buscando o respeito dos governantes e da sociedade com as opiniões e direitos dos estudantes. A antiga AMES pode ser encontrada no Instagram pelo @ames.rio.


“TRABALHADORES DE TODO O MUNDO, UNI-VOS”

- Karl Marx, manifesto comunista


Toda a juventude combatente unida com um propósito único: uma educação de qualidade e o bem-estar dos estudantes. A união faz a força e mesmo assim as juventudes caem no ‘inevitável’ de guerrear entre si, se dividir, realizando eleições anti-democráticas que não compreendem o princípio da AMES ou qualquer outra associação: União. UBES, UEES, União brasileira… União estadual. Até quando a mesmice irá acontecer e o padrão permanecerá inquebrável?


Nessa lógica, cabe aos próprios estudantes secundaristas cariocas organizarem um congresso abrangente e transparente, a partir da garantia de que alunos sejam respeitados em suas falas, mesmo que tenham ideologias diferentes, e também promovendo uma divulgação de verdade do evento e a inscrição democrática de seus delegados. Visando recuperar a essência unificadora da AMES-Rio, espera-se que mais uma vez os estudantes cariocas sejam um exemplo na luta secundarista para o todo o país.


Fontes:



Texto elaborado por:

Tiago Aldrovando, Redator.

e Moon Andrade, Editora-Chefe



175 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

QMário: Colegiados de cursos

O QMário é uma coluna de textos anônimos, onde a crítica e liberdade de expressão são valorizadas ao extremo. Para insatisfação com o...

Comments


bottom of page